Docentes precisam de formação adequada para lidar com crises.
O aumento significativo no número de alunos com autismo matriculados em escolas comuns no Brasil é um fenômeno que tem chamado a atenção nos últimos anos. Entre 2022 e 2024, o número de alunos com autismo mais do que dobrou, passando de 405 mil para 884,4 mil, de acordo com os dados do Censo Escolar divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Isso demonstra uma maior inclusão e conscientização sobre a importância de oferecer educação de qualidade para todos, independentemente de suas necessidades especiais.
A inclusão de alunos com autismo e outros transtornos do espectro do autismo (TEA) em escolas comuns é um passo importante para promover a igualdade de oportunidades e combater a deficiência de recursos e apoio para esses alunos. Além disso, é fundamental que as escolas estejam preparadas para atender às necessidades específicas dos autistas, oferecendo um ambiente de aprendizado seguro e acolhedor. O apoio emocional e psicológico é essencial para o sucesso desses alunos, e a conscientização sobre o autismo é fundamental para promover a inclusão e a aceitação. Com o aumento do número de alunos com autismo nas escolas, é importante que os educadores e a sociedade como um todo estejam preparados para oferecer o apoio necessário para que esses alunos possam alcançar seu potencial máximo.
Introdução ao Autismo
O avanço da inclusão de indivíduos com autismo na sociedade é um passo importante, previsto em lei, que traz benefícios sociais e cognitivos para todos. No entanto, é fundamental lembrar que a presença de uma criança autista na sala de aula comum não é suficiente; é necessário que as redes de ensino e as escolas façam adaptações no currículo adaptado, no espaço físico e nas avaliações especiais, além de dar suporte aos professores e formá-los adequadamente em formação adequada. Isso é especialmente importante para indivíduos com TEA, que podem apresentar comportamentos desafiadores.
A inclusão de indivíduos com autismo e deficiência na sociedade é um direito, mas é preciso garantir que as instituições de ensino estejam preparadas para lidar com as necessidades específicas desses indivíduos. Notícias recentes publicadas no g1 evidenciam os obstáculos que ainda precisam ser superados para que a educação seja, de fato, inclusiva. Por exemplo, instituições de ensino, em geral, não sabem lidar com episódios de agressividade que alguns indivíduos com TEA podem apresentar.
Desafios na Inclusão
Quando a rede de ensino e o colégio não proporcionam a formação adequada aos funcionários, os dois cenários possíveis tornam-se arriscados: se ninguém intervir, o aluno com TEA pode se machucar gravemente; caso alguém use força física para segurar o estudante, pode machucá-lo e desestabilizá-lo ainda mais. Isso pode levar a uma situação em que todos ficam inseguros: os pais do aluno autista temem que ele se machuque, os familiares dos coleguinhas podem desenvolver uma resistência à presença de pessoas com deficiência na sala de aula, e os professores trabalham sob condições de estresse.
Especialistas defendem a urgência em preparar toda a comunidade escolar para agir da maneira correta e no momento certo, de forma a evitar o início de possíveis crises. Isso inclui a formação adequada dos professores e funcionários, bem como a criação de um currículo adaptado e um espaço físico que atenda às necessidades dos indivíduos com autismo e deficiência.
Experiências e Desafios
Meca Andrade, psicóloga e referência internacional em intervenção comportamental, afirma que ‘os alunos que estão hoje na escola estariam institucionalizados nos anos 1980. Felizmente, conseguimos sair do modelo segregado’. No entanto, ela também destaca que ‘se formos incluir uma pessoa que tem dificuldades comportamentais que trazem risco para ela mesma e para as outras, sem médicos por perto, precisaremos de habilidades de manejo’. Isso é especialmente importante para indivíduos com autismo, que podem apresentar comportamentos desafiadores.
Alcinda Castor, professora da rede pública de São Paulo e mãe de um homem autista de 28 anos, relata que ‘quando ele era menor, precisava de até 3 adultos para contê-lo na escola. Ninguém recebeu preparo para lidar com isso’. Ela também afirma que, como docente, nunca recebeu a devida capacitação para lidar com crises de estudantes. ‘Os cuidadores trocam fraldas, as estagiárias preparam as atividades, mas é raro algum profissional ter especialização para saber agir nessas horas. Até hoje, quando meu filho fica assim, eu mesma me tranco no banheiro e espero passar’. Isso destaca a importância da formação adequada e do suporte para os professores e funcionários que trabalham com indivíduos com autismo e deficiência.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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