Grupo espalha visões hipermasculinas em redes sociais e fóruns virtuais.
O termo incel é frequentemente associado a indivíduos que se consideram celibatários involuntários, ou seja, pessoas que não conseguem estabelecer relacionamentos românticos ou sexuais devido a uma variedade de fatores, incluindo a falta de confiança em si mesmos e a percepção de que são rejeitados pela sociedade. Esses indivíduos frequentemente se reúnem em fóruns virtuais, onde compartilham suas experiências e sentimentos de frustração e isolamento, muitas vezes atribuindo a culpa à sua aparência física e a uma suposta inferioridade biológica.
A misoginia é um tema comum entre os incel, que muitas vezes expressam ressentimento e ódio em relação às mulheres, culpando-as por sua falta de sucesso em relacionamentos. A machosfera, uma rede virtual que abrange uma ampla gama de comunidades e fóruns, é frequentemente associada a esses grupos, pois espalha visões hipermasculinas e misóginas em plataformas diversas. É importante notar que o incel é um subgrupo específico dentro da machosfera, e que não todos os membros da machosfera se identificam como incel. No entanto, a misoginia e a hipermasculinidade são temas recorrentes em ambos os contextos, e é fundamental entender e abordar essas questões para promover uma sociedade mais inclusiva e respeitosa.
Introdução ao Mundo dos Incel
A série Adolescência, da Netflix, oferece uma visão profunda do submundo virtual dos incels, um grupo de homens heterossexuais que se consideram incapazes de atrair o interesse romântico e sexual das mulheres. Esses indivíduos, autodenominados ‘celibatários involuntários’, frequentemente expressam frustração e falta de autoestima, que pode se converter em ódio contra as mulheres, sujeitas a todo tipo de acusação. A série Adolescência, lançada em março, trouxe à superfície o submundo virtual dos incels, um fenômeno que pode pegar espectadores desavisados de surpresa, mas que, na verdade, é um ecossistema masculino longevo, presente em comunidades virtuais e fóruns virtuais, onde imperam a misoginia e o ressentimento.
Os incels, que fazem parte da chamada ‘machosfera’, uma rede virtual que espalha visões hipermasculinas em plataformas diversas, com diferentes graus de radicalização, são frequentemente descritos como um dos subgrupos mais perigosos. Eles entendem que a mulher é o grande problema da sociedade e, na medida que os direitos das mulheres avançam, o movimento sente a masculinidade fragilizada e busca resgatá-la como ela era tempos atrás. A cientista política Bruna Camilo, que monitorou interações entre usuários incel do Brasil no Telegram entre 2021 e 2022, explica que esses grupos organizados são uma ameaça real.
O Poder da Comunidade Incel
Os incels encontraram na internet um terreno fértil para se alimentar de histórias conspiratórias e distorcidas, o que pode levar a uma gama de consequências negativas, incluindo a incitação à violência, seja autoinfligida, contra mulheres ou por ataques massivos, e a espalhar ultrarradicalismo, inclusive com contornos supremacistas. Especialistas alertam há anos para o poder da comunidade incel de incitar violência e espalhar ultrarradicalismo. Além disso, os incels são ideologicamente conectados à extrema direita e servem de inspiração para pares brasileiros, que mantém um vocabulário adaptado ao contexto nacional.
Os incels, que se percebem como incapazes de atrair o interesse romântico e sexual das mulheres, frequentemente atribuem a falta de apelo à sua aparência física e a uma suposta inferioridade biológica — ou, ainda, ao fato de não serem ricos ou sociáveis o bastante. Nas últimas duas décadas, eles encontraram na internet um terreno fértil e se alimentam de uma gama de histórias tão conspiratórias quanto distorcidas. A série Adolescência, que retrata o submundo virtual dos incels, é um exemplo de como esses grupos podem ser perigosos e como a misoginia e o ressentimento podem se espalhar em comunidades virtuais e fóruns virtuais.
A Presença dos Incel no Brasil
No Brasil, os incels também estão presentes, falando frequentemente a jovens e adolescentes. Um relatório produzido por especialistas para o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania em 2023 classificou os grupos incels como uma ameaça real. Além disso, o Serviço Secreto dos Estados Unidos descreveu o extremismo misógino dos incels como ameaça nacional em 2022. Os incels brasileiros, que se inspiram nos EUA, mantém um vocabulário adaptado ao contexto nacional e são ideologicamente conectados à extrema direita. A presença dos incels no Brasil é um exemplo de como a misoginia e o ressentimento podem se espalhar em comunidades virtuais e fóruns virtuais, e como a série Adolescência pode ser um alerta para a sociedade sobre a importância de combater esses grupos.
Fonte: © G1 – Tecnologia
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