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Textos de saúde assinados por profissionais brasileiros de destaque. Novas pesquisas revelam avanços na terapia CAR-T contra tumores sólidos.
Um pilar fundamental do nosso sistema imunológico são as células T, que monitoram todas as regiões do nosso organismo através do fluxo sanguíneo. Elas têm a capacidade de identificar proteínas anômalas geradas por células de câncer e adentrar o tecido correspondente para combater e exterminar de forma precisa as células doentes.
Em casos em que as células T não conseguem combater eficazmente o câncer, pode ocorrer o desenvolvimento de um tumor maligno. Nesse cenário, é essencial buscar tratamentos adequados para interromper a progressão da neoplasia e proteger a saúde do paciente.
Explorando o Pilar da Terapia com Células CAR-T no Combate ao Câncer
Desde o início do século XX, a compreensão do câncer como um tumor maligno formado por células neoplásicas desencadeou uma busca incessante por métodos eficazes de tratamento. A teoria de Paul Ehrlich sobre as células degeneradas e o sistema imunológico lançou as bases para a compreensão do papel central do nosso próprio sistema na luta contra o câncer.
A terapia com células CAR-T, um avanço revolucionário no tratamento do câncer, tem se destacado como um dos pilares fundamentais nessa batalha. Ao modificar as células T do paciente para reconhecer e atacar especificamente as células cancerosas que produzem proteínas-alvo, essa abordagem tem mostrado resultados promissores.
Desde a demonstração bem-sucedida da terapia em pacientes com leucemia intratável em 2009, mais de 20 mil pessoas em todo o mundo foram tratadas com esse método inovador. Os casos mais impressionantes envolvem leucemias infantis, onde a taxa de cura chega a 80%, oferecendo esperança onde antes havia apenas desespero.
A história de Emily Whitehead, a primeira criança a ser salva pela terapia com células CAR-T em 2012, é um exemplo inspirador do poder transformador dessa abordagem. Diagnosticada com leucemia linfoblástica aguda aos 7 anos, Emily recebeu o tratamento do médico Carl June e, em questão de semanas, estava livre do câncer.
A aprovação de seis produtos de células CAR-T pela FDA para o tratamento de cânceres sanguíneos representa um marco significativo nessa jornada. A disponibilidade desses tratamentos inovadores também no Brasil amplia as opções para pacientes em busca de uma cura.
No entanto, o desafio dos tumores sólidos continua a ser uma barreira a ser superada. Com quase 90% de todos os cânceres em adultos e 30% em crianças sendo tumores sólidos, a necessidade de encontrar as proteínas-alvo específicas para essa modalidade de câncer é urgente.
A pesquisa em epigenética surge como uma esperança para resolver esse problema central, permitindo a identificação precisa das proteínas-alvo nas células tumorais. Somente com esse avanço será possível direcionar as células CAR-T de forma eficaz, evitando danos às células saudáveis e maximizando o potencial terapêutico dessa abordagem inovadora.
Fonte: @ Veja Abril
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