País com alto desempenho olímpico baseia seu currículo esportivo na repetição intensa de uma atividade simples, sem abordagem social.
É comum vermos a educação física desempenhar um papel fundamental no desenvolvimento das habilidades atléticas dos jovens. Em muitas escolas brasileiras, a educação física é valorizada como uma disciplina essencial para promover a saúde e o bem-estar dos alunos.
Além disso, a prática regular da educação física contribui significativamente para a formação de cidadãos mais ativos e saudáveis. Os benefícios da educação física vão além do aspecto físico, impactando positivamente o desempenho acadêmico e a qualidade de vida dos estudantes.
Explorando a Educação Física na China
A exibição das jovens chinesas no nado sincronizado, por exemplo, alcançou um nível de perfeição que deixou os técnicos (e o mundo) impressionados durante a última semana da competição. Isso levou os brasileiros a questionarem a habilidade das atletas: ‘Será que elas têm aulas de educação física desde os 2 anos?’. O G1 investigou essa questão e descobriu que, de fato, o modo como o governo e as escolas chinesas encaram a prática esportiva difere significativamente dos nossos padrões.
Normalmente, as aulas de educação física na China seguem um formato mais disciplinado, com os alunos organizados em filas. Não é como se simplesmente corressem para o campo e começassem a jogar bola, como explica a antropóloga finlandesa Anni Elisa Kajanus, especialista em questões sociais da China na Universidade de Helsinque.
Um aspecto marcante da educação física chinesa é a ênfase na repetição. Os chineses acreditam que atividades repetitivas ajudam a moldar uma pessoa virtuosa e ética. Por exemplo, pular corda mil vezes e filmar a ação pode ser uma tarefa comum para as crianças, como relatou o atleta brasileiro Mateus Martins, envolvido em um projeto esportivo na China há quase duas décadas.
Outra característica interessante é a abordagem pedagógica adotada nas escolas chinesas. Cada exercício é ensinado em três fases distintas e independentes, ao contrário do que estamos acostumados no Brasil. Por exemplo, ao aprender a pular corda, o aluno primeiro pratica a rotação das mãos, sem segurar a corda. Somente depois ele pula no chão e, na etapa final, combina tudo e tenta pular a corda de fato. Essa progressão de atividades, do simples ao complexo, é uma característica marcante do ensino de educação física na China.
Os professores desempenham um papel fundamental como instrutores sempre presentes nas escolas chinesas. São altamente respeitados pelos alunos e não enfrentam problemas de indisciplina. Além de transmitir conhecimento, os professores também oferecem conselhos e instruções detalhadas, demonstrando um alto nível de comprometimento com o desenvolvimento dos estudantes.
A popularização dos esportes na China teve início na década de 1950, por iniciativa do Partido Comunista, como uma preparação para a guerra. A educação física era vista como essencial para fortalecer as massas. Até hoje, essa abordagem militarizada permanece evidente, com ênfase em conceitos básicos como marchar ao ritmo da música antes de introduzir atividades esportivas mais complexas.
Em resumo, a rigidez e a disciplina são aspectos fundamentais da educação física na China, refletindo uma abordagem única e altamente estruturada em relação ao ensino e à prática esportiva.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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