Montante ilícito ultrapassa R$ 151 milhões, desviado para imóveis e veículos, em crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro.
O golpe que prometia rendimentos muito acima dos praticados no mercado por meio da comercialização de créditos de energia solar foi um verdadeiro esquema de risco que enganou cerca de 6,3 mil pessoas, em 732 municípios brasileiros. O golpe foi tão bem elaborado que muitas pessoas não desconfiaram de que estavam sendo vítimas de um golpe bem planejado.
A fraude e o estelionato foram os principais crimes financeiros cometidos pelos responsáveis pelo golpe, que aproveitaram a credulidade das pessoas para aplicar o golpe. A operação conjunta realizada pela Polícia Federal e Receita Federal hoje (25) teve como objetivo desmantelar a quadrilha responsável pelo golpe e prevenir futuras fraudes. O crime financeiro foi tão complexo que exigiu uma investigação minuciosa para desvendar os meandros do golpe e identificar os responsáveis. A justiça será feita e os responsáveis pelo golpe serão punidos de acordo com a lei.
Desvendando o Golpe
A Operação Pleonexia foi deflagrada para desarticular uma organização criminosa especializada em crimes contra o sistema financeiro nacional, lavagem de dinheiro e fraude. Conforme a Receita Federal, a empresa investigada, Alpha Energy Capital, promovia a captação de recursos de investidores sob a promessa de um rendimento mensal entre 4% e 5%, caracterizando um golpe. No portfólio dirigido aos potenciais investidores, a empresa divulgava a existência de onze usinas de energia solar, no entanto, a investigação revelou a existência de apenas uma usina efetivamente conectada à rede da distribuidora de energia local, evidenciando um estelionato.
As investigações demonstraram que o montante ilícito movimentado ultrapassa R$ 151 milhões e a maior parte dos valores captados era desviada para a aquisição de imóveis, veículos de alto padrão, joias e outros itens de luxo pelos investigados, configurando um crime financeiro. A investigação ainda constatou que o líder da organização criminosa, preso preventivamente, já possui condenação por tráfico internacional de drogas e responde a processos por estelionato, crime contra a economia popular e lavagem de dinheiro, em razão de um golpe supostamente praticado em 2021, envolvendo a captação fraudulenta de recursos por meio de uma plataforma de apostas esportivas, caracterizando um golpe.
Consequências do Golpe
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a empresa investigada não é titular de nenhum empreendimento de geração de energia regular e não tem pedido de outorga em tramitação em seu nome, o que reforça a tese de um golpe. Pesquisa realizada perante a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) apontou que a empresa não figura no rol de associados da entidade, condição para negociar energia elétrica no ambiente de contratação livre, conforme as normas setoriais, evidenciando uma fraude. Ao todo, são cumpridos um mandado de prisão preventiva e 18 mandados de busca e apreensão nas cidades de Natal e Barueri, onde a empresa possui escritórios, e também em Goiânia, visando desarticular a organização criminosa que praticou o golpe.
A Justiça determinou o bloqueio e o sequestro de cerca de R$ 244 milhões em bens dos envolvidos, visando ao ressarcimento das potenciais vítimas e ao pagamento de multas e custas processuais, em decorrência do golpe. A Polícia Federal disponibiliza um link para o registro dos crimes financeiros apurados na Operação Pleonexia para identificar todas as vítimas, quantificar os valores investidos e os prejuízos sofridos para, ao final, definir o valor do dano a ser reparado, decorrente do golpe e da fraude. O sistema financeiro foi afetado por esse golpe, que também envolveu lavagem de dinheiro e estelionato, demonstrando a complexidade do crime financeiro. A captação de recursos foi feita de forma fraudulenta, caracterizando um golpe que lesionou o sistema financeiro e as vítimas.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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