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Estudo novo investiga idade da primeira menstruação ao expor meninas a agentes químicos, ligado a riscos físicos e emocionais.
De acordo com uma nova pesquisa publicada no periódico médico JAMA Network Open, foi observada uma redução significativa na idade da primeira menstruação ao longo dos anos. Enquanto a média de idade para a primeira menstruação era de 12,5 anos entre aquelas nascidas entre 1950 e 1969, esse número caiu para 11,9 anos entre aquelas nascidas entre 2000 e 2005.
O estudo também destacou a importância da menarca como um marco significativo na vida das mulheres, sendo um momento de transição e mudanças físicas e emocionais. A idade em que ocorre a menarca pode variar de acordo com diversos fatores, e compreender essas mudanças é essencial para a saúde e bem-estar das mulheres ao longo de suas vidas.
Estudo revela aumento na idade da primeira menstruação
A pesquisa, que investigou informações de mais de 71 mil mulheres nascidas entre 1950 e 2005, também descobriu que a porcentagem de meninas que experimentaram a menarca antes dos 11 anos subiu de 8,6% para 15,5% no mesmo período. Além disso, observou-se um incremento no tempo necessário para que os ciclos menstruais se regularizassem após a menarca. Menos da metade das mulheres que alcançaram a menarca entre 2000 e 2005 mencionaram ter ciclos regulares dentro de dois anos, em comparação com mais de 75% das mulheres nascidas entre 1950 e 1969.
Vários fatores foram apontados como influenciadores dessa tendência. A obesidade infantil emergiu como um dos mais relevantes. A análise sugere que o aumento do índice de massa corporal (IMC) durante a infância pode explicar cerca de 46% dos casos de menarca precoce. Os pesquisadores afirmam que o tecido adiposo adicional pode afetar a produção de hormônios que aceleram o início da puberdade. Além disso, a exposição a substâncias químicas conhecidas como disruptores endócrinos, presentes em plásticos, pesticidas e outros produtos, também pode interferir no desenvolvimento hormonal das crianças.
Estresse psicológico e socioeconômico na infância, bem como mudanças no padrão alimentar, são outros fatores que podem estar relacionados a esse cenário. O ambiente familiar e o nível de atividade física também parecem influenciar, de acordo com o estudo.
O trabalho do JAMA revelou disparidades significativas na tendência de menarca precoce e desafios adicionais para a regularização do ciclo, com maior incidência entre meninas de status socioeconômico mais baixo. A exposição a condições de vida mais estressantes, menor acesso a alimentos saudáveis e falta de cuidados com a saúde são alguns dos fatores que contribuem para uma menstruação mais precoce.
O estudo destaca algumas implicações para a saúde associadas à menarca precoce. Entre elas, menciona-se um risco ligeiramente maior de doenças cardiovasculares na vida adulta e aumento na incidência de certos tipos de câncer, como o de mama e o endométrio. Outro ponto levantado é o possível aumento no risco de distúrbios metabólicos, como diabetes tipo 2.
A menarca precoce pode indicar alterações no desenvolvimento hormonal que se manifestam mais tarde na vida. No entanto, manter um estilo de vida saudável, com uma dieta equilibrada e atividade física regular, pode ajudar a minimizar os riscos.
Helga Marquesini, ginecologista e obstetra do Hospital Pro Matre Paulista, destaca a importância de estar atento às mudanças no corpo feminino: ‘O primeiro sinal da puberdade, o aparecimento do broto mamário, ocorre entre os 8 e 13 anos de idade. Geralmente, após uns dois anos, chega a menarca’.
Fonte: @ Veja Abril
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