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Mãe, algo mexe na minha barriga, com 14 anos, na 29ª semana de gestação, sobre o volume abdominal e o boletim de ocorrência.
(AGÊNCIA BRASIL) – Renata (nome fictício), 28, de São Paulo (SP), percebeu que estava grávida quando começou a sentir enjoo matinal e cansaço extremo. Durante a 16ª semana de gestação, ela decidiu fazer o primeiro ultrassom para confirmar a novidade. Foi nesse momento que ouviu pela primeira vez o coraçãozinho do bebê batendo forte dentro de seu ventre.
Em meio às alegrias e desafios da gravidez, Renata se deparou com a necessidade de repensar sua rotina e se preparar para a chegada do bebê. Com o apoio da família e dos amigos, ela buscou informações sobre os cuidados necessários durante a gestação e se dedicou a criar um ambiente acolhedor para o pequeno que estava a caminho.
Desafios da Gestação: Busca por Atendimento e Legislação
Após registrar um boletim de ocorrência, as vítimas procuraram o Hospital da Mulher, na capital paulista. Lá, Karen foi submetida a exames, tomou o coquetel recomendado para casos de violência sexual, mas foi informada de que, no local, abortos legais só ocorriam até a 20ª semana de gestação. No Hospital Maternidade Vila Nova Cachoeirinha, também não conseguiram ter acesso ao aborto legal devido à suspensão dos procedimentos pela prefeitura. Mãe e filha precisaram se deslocar de ônibus até Salvador (BA) para a interrupção da gestação, uma jornada de dois dias e cinco horas de estrada. O estuprador continua foragido. ‘Minha filha sempre pergunta: ‘e aí, mãe, não vai acontecer nada com ele? Por que ele não foi preso se ele cometeu um crime?”, diz a mãe.
Segundo a Constituição, não há restrição para a idade gestacional do feto no momento do aborto. No entanto, o PL Antiaborto por Estupro, em tramitação urgente na Câmara dos Deputados, propõe a criminalização do aborto após a 22 semanas de gestação para vítimas de estupro. Residindo em Guarulhos, a mãe tem duas filhas, uma de 15 e outra de 13, e um filho de quatro anos. Sua filha mais velha costumava passar os fins de semana na casa da avó, em São Paulo, sendo levada na sexta e buscada no domingo. A avó tinha um marido, de quarenta e poucos anos, que vivia com ela há mais de 15 anos.
A filha mais velha, de repente, mudou de comportamento. Antes amorosa e dedicada, passou a se fechar, ficar grosseira e agressiva. A mãe notou essas mudanças, mas demorou a perceber alterações no corpo da filha, que sempre usava roupas largas. Em novembro do ano passado, desconfiou que ela estava grávida. Após muita insistência, a filha revelou que meses antes tinha sido abusada pelo marido da avó. A adolescente, sem compreender a gravidez, chegou a dizer: ‘mãe, tem algo mexendo dentro da minha barriga.’ O agressor a ameaçou de morte caso contasse sobre o abuso, mantendo-a em silêncio por meses.
Ao descobrir a verdade, a mãe confrontou a avó, que desmaiou ao ouvir a revelação. O agressor, que já havia deixado a casa da avó, confessou por telefone e prometeu se entregar, mas desapareceu. O primeiro passo foi registrar um boletim de ocorrência, seguido pela ida ao Hospital da Mulher, em São Paulo. A filha realizou exames, tomou o coquetel anti-Aids, mas não pôde realizar o aborto, pois o hospital só realiza procedimentos legais até a 20ª semana de gestação. Nesse momento, ela estava com 29 semanas e precisaram ser encaminhadas para outro local para a interrupção da gestação.
Fonte: © Notícias ao Minuto
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