Exibições começam sábado no Rio de Janeiro com produções cinematográficas experimentais e narrativas de resistência cultural, sob perspectiva feminina.
Explorar filmes dirigidos por mulheres para desconstruir a representação predominante e preconceituosa da comunidade árabe, em especial das mulheres. Essa é a proposta central da 4ª edição da Mostra de Cinema Árabe Feminino, que terá início neste sábado (17) e se estenderá até o dia 25 de agosto, em quatro locais de exibição no Rio de Janeiro.
A diversidade de produções cinematográficas árabes feitas por mulheres ganha destaque nesse evento, que busca ampliar o alcance e a valorização do cinema árabe feminino. A Mostra promete oferecer uma experiência enriquecedora e inspiradora para os amantes do cinema, abrindo espaço para narrativas autênticas e empoderadas.
Mostra de Filmes de Mulheres Árabes no Rio de Janeiro
São 27 produções cinematográficas, entre longa e curta metragens, documentários e narrativas experimentais, que compõem a mostra de filmes de mulheres árabes. Todas as sessões são gratuitas e acontecem em locais como o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no coração do Rio de Janeiro, e o Cine Arte da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, região metropolitana da cidade maravilhosa. Além disso, as exibições também ocorrem em dois endereços de Duque de Caxias, na região metropolitana do Rio: a Faculdade de Educação da Baixada Fluminense, vinculada à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), e no Gomeia Galpão Criativo, um espaço de resistência cultural na Baixada Fluminense.
A curadoria da mostra é composta por Analu Bambirra e Carol Almeida, do Brasil, e Alia Ayman, do Egito. De acordo com a equipe organizadora, a proposta da mostra é promover uma reflexão sobre questões políticas do mundo árabe sob a perspectiva feminina, buscando quebrar estereótipos associados às mulheres árabes no cinema.
Todos os filmes em exibição foram dirigidos por mulheres, sejam elas residentes em países árabes ou na diáspora. Em meio ao cenário tenso vivenciado pela Faixa de Gaza, com a recente ofensiva israelense em retaliação a um ataque do grupo extremista islâmico Hamas em 7 de outubro de 2023, a temática palestina ganha destaque em várias obras apresentadas.
Um dos filmes em destaque é ‘Vibrações de Gaza’, de Rehab Nazzal, que aborda a realidade de Gaza sob a perspectiva de crianças surdas. Outra obra impactante é ‘O seu pai nasceu há 100 anos assim como a Nakba’, que trata da questão dos palestinos impedidos de retornar à sua terra natal, explorando essa realidade por meio de uma viagem virtual pelo Google Maps, conforme retratado pela diretora Razan AlSalah.
Além de produções palestinas, a mostra apresenta filmes de outros países árabes, como Iraque, Líbano, Egito, Sudão e Síria. A curadora Analu Bambirra destaca que, além de oferecer uma nova perspectiva sobre a população palestina, a mostra busca desconstruir estereótipos associados à visão ocidental dos árabes, especialmente das mulheres.
Analu ressalta que a associação do mundo árabe a temas como terrorismo, violência e guerra, assim como a visão estereotipada das mulheres árabes como submissas e oprimidas, são questões que a mostra procura abordar e desconstruir. Para ela, a reunião de filmes produzidos por mulheres árabes é uma forma de quebrar esses estereótipos, evidenciando o protagonismo e a criatividade dessas cineastas em meio a contextos desafiadores, como conflitos armados e resistência cultural.
Um dos filmes que destaca o protagonismo feminino é ‘Impedimento em Cartum’, de Marwa Zein, que narra a história de um grupo de jovens mulheres sudanesas que desafiam as pressões sociais e lutam pelo direito de jogar futebol. Outra obra significativa é ‘O Protesto Silencioso: Jerusalém 1929’, de Mahasen Nasser-Eldin, que relembra o levante de 300 mulheres palestinas em Jerusalém, em 26 de outubro de 1929, sob o mandato do Império Britânico.
Analu Bambirra enfatiza que o cinema tem um papel fundamental na desconstrução de narrativas hegemônicas e estereotipadas, oferecendo uma perspectiva cultural diversificada e resistente, especialmente quando se trata do cinema árabe feminino. A mostra de filmes de mulheres árabes no Rio de Janeiro é uma oportunidade única para ampliar horizontes e promover a diversidade no universo cinematográfico.
Fonte: @ Agencia Brasil
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