Dólar perde valor, mas mantém função como reserva de valor em mercados emergentes
Desde que o presidente americano Donald Trump tomou posse, o valor do dólar tem sido um tema recorrente em discussões econômicas. A pergunta que muitos se fazem é se estamos diante de um ponto de inflexão para a moeda americana, que poderia afetar o valor do dólar em relação a outras moedas, como o real. O dólar tem sido uma referência importante para a economia global, e sua valorização ou desvalorização pode ter impactos significativos nos mercados financeiros.
No entanto, é importante considerar que o dólar ainda é uma moeda forte e estável, e sua valorização em relação ao real e outras moedas pode continuar. É fundamental manter a calma e não se deixar levar por especulações. Além disso, a economia global é complexa e influenciada por muitos fatores, incluindo a política, a inflação e a taxa de juros. Portanto, é difícil prever com certeza se estamos diante do fim do ciclo de valorização do dólar, mas é certo que o dólar continuará a ser uma moeda importante e influente nos mercados financeiros. A volatilidade do mercado é um fato e deve ser considerada ao tomar decisões econômicas. O dólar e a moeda americana continuarão a ser observados de perto por investidores e economistas, que buscam entender as tendências e os impactos da valorização ou desvalorização do dólar em relação ao real e outras moedas. A estabilidade econômica é um objetivo comum e deve ser buscada por meio de políticas econômicas responsáveis e sustentáveis.
Entendendo o Impacto do Dólar
A fim de melhor compreender os fatores que poderiam levar a uma mudança de curso para o dólar e suas implicações para os mercados e os investimentos, conversei com dois profissionais da área de Estratégias de Investimentos do Itaú Unibanco: Rodrigo Lopes, estrategista de ações de mercados emergentes, e Eduardo Coccaro, estrategista de moedas. Ao longo de 2025, especialmente a partir da segunda metade de janeiro, temos visto uma desvalorização gradual do dólar versus moedas tanto de países emergentes quanto desenvolvidos, entre elas o real. Este movimento replicou o que vimos após as eleições americanas de 2016, quando o dólar se fortaleceu diante de dúvidas de natureza política, mas depois perdeu valor conforme estas incertezas foram diminuindo. Desta vez, contamos também com projeções de um diferencial de crescimento de produto interno bruto (PIB) mais apertado entre os Estados Unidos e o resto do mundo, com o anúncio de pacotes fiscais ambiciosos em regiões como Europa e China.
Além disso, fatores de longo prazo que contribuem para um dólar enfraquecido, como a redução na taxa de poupança líquida dos EUA e o subsequente aumento na necessidade de financiamento estrangeiro, já vinham aparecendo há algum tempo. Quando consideramos os efeitos das tarifas, com o potencial de desaceleração de crescimento nos EUA e aumento de riscos recessivos, o dólar pode enfrentar um cenário ainda mais conturbado à frente. Embora o dólar geralmente se beneficie de situações de aversão ao risco, via o aumento da demanda por ativos mais seguros, não foi isto que observamos no começo de abril. Perante questionamentos sobre a estabilidade futura da política econômica, investidores internacionais venderam ativos americanos, inclusive títulos do Tesouro, o que pode afetar a moeda americana.
Implicações para o Mercado
Mesmo com a trégua nas disputas comerciais apresentadas recentemente afastando o espectro de uma desaceleração mais severa, ainda se espera que o aumento nos preços de importações, aliado à imprevisibilidade da política econômica, contribua para uma moderação na narrativa de excepcionalismo americano. Assim sendo, gestores globais vêm repensando o papel de ativos em dólar em suas carteiras, considerando a relação entre o dólar e o real. Olhemos para o caso da bolsa americana, por exemplo: seu valor de mercado equivale a cerca de dois terços do valor de mercado total de todas as ações listadas no mundo, perto das máximas observadas no início do milênio, com a bolha da Internet. Hoje, quase um quinto do mercado de ações americano pertence a entidades estrangeiras, o que pode influenciar a demanda por moedas como o dólar e o real.
Segundo estimativas recentes, investidores europeus detém cerca de quatro e meio trilhões de euros apenas em ações listadas nos EUA—juntando títulos de renda fixa, este total supera sete trilhões de euros. Em poucas palavras, uma rotação, ainda que relativamente modesta, em direção a outras geografias deve contribuir para um aumento substancial de demanda por outras moedas, como a moeda americana e o real, o que pode afetar o valor do dólar. Com isso, o que podemos esperar em termos de performance dos ativos nesse cenário? Recentemente adicionamos uma posição em nossa carteira, considerando as implicações do dólar e das Estratégias de Investimentos em mercados emergentes.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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