Juros altos afetam mercado imobiliário e compra de imóveis no Brasil
Em setembro de 2008, iniciei minha jornada no mercado imobiliário com um lançamento que enfrentou a crise do subprime, um desafio que parecia insuperável, mas que acabou sendo apenas um obstáculo a ser superado. A criação do programa Minha Casa Minha Vida foi fundamental para contornar essa crise, e os juros baixos na época foram um fator importante para o sucesso do programa. Com juros mais acessíveis, as pessoas puderam adquirir suas próprias casas, o que impulsionou o mercado imobiliário.
Além disso, os custos associados à construção e ao financiamento também foram reduzidos, o que permitiu que mais pessoas pudessem participar do mercado. As taxas de juros mais baixas também contribuíram para a redução dos encargos financeiros, tornando mais fácil para as pessoas adquirirem suas próprias casas. Com juros mais baixos e custos reduzidos, o mercado imobiliário pôde se recuperar da crise do subprime e continuar a crescer. A estabilidade econômica também foi um fator importante para o sucesso do programa, e a confiança dos investidores foi restaurada, o que permitiu que o mercado imobiliário continuasse a se desenvolver. Os juros continuam a ser um fator importante no mercado imobiliário, e a gestão eficaz dos custos e taxas é fundamental para o sucesso de qualquer projeto imobiliário.
Introdução ao Mercado Imobiliário
Munido da experiência precoce de quem começou jovem, segui navegando por águas ora calmas, ora agitadas, até encontrar um verdadeiro iceberg em 2015, que foi marcado pelos juros altos e a crise dos distratos. Ainda me lembro, com nitidez, do dia em que fui tentar negociar uma operação com um dos bancos que me financiava, e encontrei uma folha de papel sulfite pregada na porta, informando que o setor havia sido encerrado e que, dali em diante, qualquer tratativa deveria ser feita diretamente na matriz, o que simbolizava uma mudança operacional significativa, retratando um sistema financeiro em retração e um mercado imobiliário que perdia o chão, com taxas, custos e encargos cada vez mais altos.
Tomei uma decisão que moldaria minha trajetória dali em diante: só faria incorporações vinculadas ao programa Minha Casa Minha Vida, pois entendi que, por se tratar de uma demanda estrutural, a moradia popular, haveria mais segurança, mesmo sob o risco de governos que vez ou outra negligenciam a habitação de interesse social, e isso me permitiria lidar com juros mais controlados. Publicidade foi removida para manter o foco no conteúdo.
Análise do Mercado Atual
Estamos em 2025 e não enfrentamos uma crise de distratos, mas um dos vilões retornou: os juros absurdamente altos que se abatem sobre o setor e sobre o Brasil, o que entendo como o preço do risco de um país, empresa ou pessoa, e que afeta diretamente o mercado imobiliário. Ora, em 2015, a inflação batia 10%, o governo sofria ameaças claras de interrupção, a Operação Lava Jato estava em seu auge, o déficit público em franca escalada, enquanto o PIB e a arrecadação afundavam, e os juros eram uma das principais causas disso, com taxas e custos altos. Hoje, o único índice que segue trajetória levemente parecida é a inflação, e ainda assim em patamar muito inferior, mas os juros continuam altos.
Se compararmos com os mercados internacionais, a distância fica ainda mais gritante, e o mercado imobiliário está sendo alvejado por armas do mesmo calibre, com juros altos que são altamente tóxicos para o setor e para o cliente, e que podem levar a uma crise semelhante à de 2015, com encargos e custos altos. E, se algo não for feito com urgência, incorporadoras correm, sim, o risco de não resistirem, devido aos juros altos e às taxas cobradas pelos bancos.
Impacto dos Juros Altos
A combinação entre obras caras, impactadas pelo aumento de insumos e mão de obra, com juros elevados para financiá-las, é nefasta, e as primeiras a sofrer são as incorporadoras de médio padrão, que, além de enfrentarem desafios operacionais, têm um cliente altamente dependente de crédito imobiliário junto aos bancos privados, que cobram taxas altas e têm custos e encargos elevados. Neste cenário, os bancos não apenas cobram taxas que inviabilizam o financiamento como também reduzem a disposição para aprovar crédito, devido ao aumento do comprometimento da renda do mutuário e ao risco percebido, o que afeta diretamente o mercado imobiliário e os juros.
A Faixa 4 do programa Minha Casa Minha Vida veio como um bálsamo para alguns, mas o remédio é limitado e não alcança todos, e vai aliviar apenas uma pequena parte do mercado imobiliário. O que precisamos, com urgência, é de um sinal claro e firme de queda dos juros, algo que permita o replanejamento das obras, reanime os bancos e restabeleça o apetite, reduzindo os custos e encargos para as incorporadoras e os clientes, e permitindo que o mercado imobiliário volte a crescer de forma saudável.
Fonte: © Estadão Imóveis
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