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Jeffrey Odwazny fala à CNN sobre desafios desde a infância com vício em alimentos ultraprocessados, semelhante ao transtorno de uso de álcool.
O morador de São Paulo, Carlos Silva, afirma que consome alimentos ultraprocessados diariamente desde jovem.
Carlos reconhece os malefícios da comida industrializada em sua alimentação, mas ainda encontra dificuldade em abandonar esses ultraprocessados. Ele sabe que a comida junk pode prejudicar sua saúde, mas a praticidade desses produtos ainda o atrai.
Impacto dos Alimentos Ultratransformados na Saúde Mental
O relato de um ex-supervisor de armazém de 54 anos sobre sua luta contra os alimentos ultraprocessados açucarados ecoa em muitos que enfrentam o mesmo dilema. Ele descreve a atração irresistível por doces, bolos, tortas e sorvetes, destacando a dificuldade de resistir a essas tentações.
A prevalência do vício em alimentos ultraprocessados entre crianças e adolescentes nos Estados Unidos é alarmante, com cerca de 12% dos quase 73 milhões de jovens enfrentando esse desafio, de acordo com estudos recentes. Esses números refletem uma realidade preocupante, onde a comida industrializada exerce um poder de atração quase irresistível sobre os mais jovens.
Para diagnosticar esse transtorno, é necessário atender aos critérios rigorosos da Escala de Vício em Alimentos de Yale, que equipara a gravidade desse problema à de transtornos de uso de álcool e outras substâncias viciantes.
A professora de psicologia da Universidade de Michigan, Ashley Gearhardt, alerta para a perda de controle que muitas crianças experimentam ao se entregarem aos alimentos ultraprocessados. Elas relatam desejos intensos, comportamentos de esconder ou roubar comida e uma incapacidade de resistir a essas tentações.
Os adultos não estão imunes a esse fenômeno, com cerca de 14% deles clinicamente viciados em alimentos ultraprocessados, ricos em açúcar, sal, gordura e aditivos. Essa dependência pode ser equiparada à de substâncias como o álcool, com uma parcela significativa da população lutando contra esse vício silencioso.
A influência dos alimentos ultraprocessados na infância não pode ser subestimada, com muitas crianças consumindo mais desses produtos do que frutas e vegetais desde tenra idade. A acessibilidade e o baixo custo desses alimentos contribuem para a sua onipresença, tornando-os uma escolha comum em muitos lares, especialmente os de baixa renda.
O impacto desse vício no cérebro jovem é profundo, com o circuito de recompensa sendo sequestrado pelos estímulos dos alimentos ultraprocessados. Esse padrão de consumo pode levar a uma disfunção no controle de impulsos, onde a amígdala assume o controle, suprimindo a capacidade do córtex pré-frontal de tomar decisões racionais.
Diante desse cenário, é fundamental conscientizar a população sobre os riscos associados aos alimentos ultraprocessados e promover hábitos alimentares saudáveis desde a infância. A batalha contra o vício em comida junk é real, mas com educação e apoio, é possível superá-la e restaurar a saúde mental e física de indivíduos de todas as idades.
Fonte: © CNN Brasil
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